FOTO E FONTE:
g1 – video: youtube
Indignados com as agressões sofridas pela idosa Tamine Buteri, de 87
anos, em sua casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, familiares
esperam apenas que a justiça seja feita e que a cuidadora Vera Lúcia
Cardoso da Silva, 49 anos, presa neste domingo (18), não ganhe liberdade
tão cedo. Segundo o neto da idosa, que preferiu não se identificar, em
110 horas de gravação, a idosa apanhou por mais de duas horas. “Foram
duas horas e dez minutos só de pancadas, fora o inseticida e outros
tipos de agressões verbais e o abandono. Ela ainda fazia ameaças: ‘Se
tentar sair da cama, já sabe o que acontece com a senhora’”, contou o
neto na porta da 52ª DP (Nova Iguaçu), onde o caso foi registrado.
Vera,
que nas imagens tortura e agride a idosa, que sofre de Alzheimer, foi
transferida para o presídio feminino de Bangu, na Zona Oeste do Rio, na
tarde deste segunda-feira (19). Ela responderá por tortura. Segundo a
Polícia Civil, testemunhas do caso devem prestar depoimento na
quarta-feira (21).
Cristiane Moura mora ao lado da casa da idosa,
que tem entrada no portão da esquerda
(Foto: Janaina Carvalho/G1)
Segundo
o neto, a câmera foi instalada no dia 12 deste mês e, com apenas 20
minutos de gravação, a idosa já era vista apanhando de Vera Lúcia. ”Ela
joga inseticida nas partes íntimas da minha avó, álcool puro,
desinfetante. No [exame de] corpo de delito foi constatado que minha avó
está toda ferida nas partes genitais. Além de [ter] marcas na nuca e na
cabeça de socos e agressões.”
Durante as imagens, a idosa é
abandonada em plena madrugada. Segundo o neto, quando vera Lúcia volta,
cerca de duas horas depois, retornam as sessões de pancadas. “Numa
madrugada ela sufoca a minha avó. Bate com a cabeça dela até ela pedir
de pedir socorro. São cenas chocantes, cenas bárbaras”, conta.
Depois
de alertados por vizinhos, os familiares resolveram tirar a idosa e a
cuidadora de casa com a desculpa de que almoçariam fora. Só assim a
câmera pode ser instalada. Em uma das noites, Vera Lúcia deixou Tamine
em casa gritando por socorro e pedindo ajuda. Nesse mesmo dia, a idosa
teria se alimentado apenas com dois copos de leite.
“Agradeço
muito à polícia, que trabalhou de forma brilhante para efetuar essa
prisão. Se todos agissem da mesma forma, não haveria tanta sensação de
impunidade no nosso país. A 52ª DP me ajudou muito. Eles se
sensibilizaram muito com o caso”, afirma o rapaz, ressaltando que a
família demorou a perceber o que estava acontecendo porque a idosa tem
Mal de Alzheimer.
Vizinhos são testemunhas Também
nesta segunda, vizinhos relataram que os últimos três meses foram de
grande desespero para ela. Segundo eles, foi nesse período que os gritos
e pedidos de socorro começaram a ser ouvidos.
“Ouvi várias
vezes. Ela gritava pedindo ‘socorro’, ‘me larga’ e a pessoa que estava
cuidando dela ofendendo e gritando com ela”, afirma a enfermeira
Cristiane Moura, 41 anos. Segundo Cristiane, ela e os filhos quiseram
inúmeras vezes falar com a família da idosa, mas como eles trabalham e
viajam com frequência nos finais de semana, nunca encontravam filhos ou
netos da idosa.
Quando a idosa caiu, há cerca de 4 meses, e
fraturou o fêmur, foi Cristiane que ajudou a socorrê-la. Segundo a
vizinha, a situação estava deixando ela e os três filhos muito
consternados. “Por ela ser indefesa, isso nos deixava ainda mais
irritados. É uma senhora magrinha, com porte bem frágil”, diz Cristiane.
Segundo
a família, era comum ver a agressora na rua, lavando a calçada ou
fumando. “Jamais poderíamos imaginar que ela seria capaz daquilo. As
imagens que vimos hoje nos chocaram demais. A cama estava em um estado
lamentável. A gente ouve falar dessas coisas, mas quando é perto da
gente, é ainda mais complicado”, afirmou Cristiane.
Cuidadora acusada de tortura transferida para
presídio em Bangu (Foto: Janaína Carvalho / G1)
De
acordo com o filho de Cristiane, Willer Duarte, de 18 anos, era até
difícil conseguir dormir em função das agressões. “Começava cedo, entre
7h e 8h, justamente na hora que ela devia estar fazendo a higiene da
idosa. Nunca conseguíamos falar com a família para dizer que alguma
coisa de errada estava acontecendo ali dentro”, afirmou.
A idosa
mora em um terreno com duas casas e foram os vizinhos que moram no
andar de cima que denunciaram a situação à família. “A casa de cima
ficou vazia um bom tempo. Essas pessoas mudaram há cerca de um mês e
como eles tiveram contato com a família antes, avisaram o que estava
acontecendo”, disse Cristiane.
Contratada há 1 ano e 8 meses Durante
um ano e oito meses, Vera acompanhou a senhora, que está com as duas
pernas quebradas. A idosa foi agredida várias vezes. "Ela não podia ter
feito isso com minha mãe, isso não justifica, mas agora quem vai
resolver não somos nós, é a Justiça."
Foi o próprio filho que
chamou Vera para ajudar a mãe. Os dois se conheceram na igreja que
frequentam. Na delegacia, Vera se disse arrependida.
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